14 de julho de 2015
Por Fábio Penteado
Há algum tempo empreendimentos funcionais e sustentáveis estão na moda, é politicamente correto e faz bem à imagem as empresas divulgarem que adotam medidas sustentáveis. Porém, na prática, a sustentabilidade vai muito além de plantar mudas no pátio ou reduzir o consumo de água e emissões em determinadas indústrias. No setor da construção, por exemplo, é comum anunciar ações de geração de resíduos e entulhos. O trabalho, entretanto, vai muito além disso. Na Even Construtora e Incorporadora, a sustentabilidade é uma das principais premissas.
Segundo o diretor Técnico e de Sustentabilidade da companhia, Silvio Gava, em 2012 a empresa recebeu a certificação AQUA (Alta Qualidade Ambiental). Criada em 2008 pelo Grupo Qualitel, organismo francês de certificação de empreendimentos habitacionais, a chancela foi desenvolvida e adaptada à realidade brasileira pela Fundação Vanzolini.
O executivo explica que ao receber a certificação a empresa se comprometeu a desenvolver todos os empreendimentos residenciais lançados em São Paulo e, posteriormente, no Rio de Janeiro, seguindo quatro critérios: Ecoconstrução, análise da relação do edifício com o seu entorno, a escolha integrada de produtos, sistemas e processos produtivos que exige um canteiro de obras com baixo impacto ambiental; Ecogestão, é necessário que o empreendimento tenha gestão de energia, de água, de resíduos de uso e de operação do edifício e de manutenção, que garanta a permanência do desempenho ambiental; Conforto higrotérmico (temperatura e umidade), acústico, visual e olfativo; Saúde, qualidade sanitária dos ambientes, do ar e da água.
De acordo com Gava, ao seguir estes critérios os resultados são imediatos. “No imóvel pronto existem características ambientais incorporadas que privilegiam a ventilação e iluminação naturais. Empreendimentos certificados da Even consomem, em média, até 39% a menos de energia nas áreas comuns. Adicionalmente, as unidades são equipadas com bacias e torneiras redutoras de pressão, para a redução do consumo de água”, conta. Além disso, completa, os ganhos englobam também o conforto térmico, já que o projeto contempla o melhor posicionamento das janelas e aproveitamento da ventilação natural, e conforto acústico, pois existe a preocupação de reduzir a interferência sonora entre os cômodos de cada apartamento.
Hoje, a Even possui 47 empreendimentos com a certificação AQUA em uma das três fases (Programa, Concepção e Realização). Destes, 11 já obtiveram a certificação nas três etapas. Os projetos estão localizados em diversos bairros da Grande São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O diretor Técnico e de Sustentabilidade revela que uma pesquisa realizada pela companhia apontou que mais de 60% dos potenciais compradores consideram a sustentabilidade como fator de total ou muita influência na escolha do apartamento. Mais de 60%, revela, afirmaram que provavelmente ou com certeza pagariam mais por um apartamento com itens sustentáveis. “Mas ofertamos um produto com valores compatíveis com o mercado”, reforça.
De acordo com Gava, são diversos os diferenciais destes empreendimentos, como uso de dispositivos de desligamento automático de iluminação, com sensores de presença, nas áreas comuns internas dos edifícios, inclusive garagens, que geram grande economia de energia. “Em escadas e antecâmaras, a redução pode atingir mais que 95% em comparação com empreendimentos que utilizam iluminação de vigia (sempre acesa), e de pelo menos 50% com relação a sistemas mais antigos”, calcula. Em halls sociais e de serviço, o executivo garante uma redução média do consumo de pelo menos 25% e nas garagens de 60% em relação àquelas em que as luminárias ficam ligadas 100% do tempo.
Já na iluminação das áreas externas dos edifícios, são utilizados relés fotoelétricos, associados a temporizadores de desligamento automático, que apagam as lâmpadas automaticamente na presença de luz natural. Com esses dispositivos, Gava estima uma economia de entre 40% e 50% no consumo de energia e na vida útil dos equipamentos, dependendo da época do ano. “Além disso, os empreendimentos usam lâmpadas mais eficientes nas áreas comuns internas e externas dos edifícios, o que permite uma redução média do consumo de 60%, bem como um melhor rendimento e maior vida útil maior das lâmpadas”, ressalta.
Há outros diferenciais , como sistema de shaft visitável, que possibilita uma eventual manutenção nas tubulações hidráulicas sem a necessidade de grandes reformas, tintas com baixo teor de VOC (Componente Orgânico Volátil, na sigla em inglês), com menos solventes, à base de água, reduzindo a poluição do ar e os riscos à saúde humana, e azulejos colados direto sobre o bloco, o que reduz a necessidade de revestimentos. “Após a conclusão do empreendimento, no momento da entrega, os proprietários das unidades recebem um manual de cuidados para o uso do empreendimento. A companhia também instrui e acompanha o desenvolvimento do trabalho do síndico eleito e da administradora de condomínio”, salienta.
Na opinião de Gava, a consciência ambiental tem crescido nas novas gerações e a postura empresarial tem mudado para atender este novo consumidor. “A tendência é de que mais empresas sigam a demanda do mercado, que se configura pela procura de opções de consumo mais sustentáveis e que se traduzam em economia de recursos no longo prazo”, resume.
Ele lembra, ainda, que a crise hídrica e energética e as mudanças climáticas têm colaborado para aumentar esta percepção por parte dos consumidores. “Os compradores não têm restrição em relação a um empreendimento sustentável. Muito pelo contrário. Veem como uma vantagem comprar uma unidade que poderá representar uma maior economia em conta de energia, água e despesas gerais. Ou seja, se o consumidor tiver que optar entre um imóvel certificado ou outro que não é nossas pesquisas indicam que a sustentabilidade é um diferencial que será considerado”, revela.
O diretor avalia que há um grande caminho a ser percorrido, porque não há como oferecer um produto sustentável sem adotar práticas condizentes em todo processo. Por outro lado, constata, os incentivos e regulamentações do governo são limitados e as empresas não são estimuladas a implantar práticas eficientes do ponto de vista da sustentabilidade. “Políticas públicas podem influenciar o mercado, encorajar empresas, engenheiros e arquitetos na busca por novas tecnologias amigáveis com o meio ambiente”, frisa.