30 de junho de 2015
Por Fabio Penteado
Já faz algum tempo que a opinião das mulheres nas decisões das famílias no Brasil é crescente. No segmento imobiliário, esse movimento é visível. Hoje, o poder decisório das consumidoras vai muito além da simples escolha da cor de uma parede, por exemplo. Atualmente, as mulheres analisam tudo o que está relacionado à compra da casa própria. O mercado já identificou esta nova mulher e desenvolve ações específicas para este público.
Para o especialista em marketing e diretor da Gabriel Rossi Consultoria, Gabriel Rossi, as mulheres nos dias atuais tomam como nunca decisões importantes e o setor de imóveis deve criar condições específicas para elas. “Gosto da ideia das empresas do setor imobiliário criarem plataformas específicas para que suas mais influentes potenciais consumidoras interajam entre si. Nesse caso, a marca se torna um facilitador de relacionamentos, disponibilizando uma ferramenta para incentivar a criação, feedback e insights”, diz. Ainda de acordo com Rossi, é importante entender as motivações e comportamento das consumidoras, sempre respeitando a privacidade.
O diretor da RealtON – empresa que trabalha com os estoques de algumas das maiores incorporadoras do País -, Rogério Santos, explica que os homens são mais práticos e mulheres mais detalhistas. “Embora essa máxima não se aplique a 100% dos casos, as pesquisas sempre mostram que há diferença, sim, no olhar de cada um”, garante. O diretor afirma que essa diferença fica mais evidente na hora de escolher um imóvel. “No caso de casais, a compra é quase sempre efetivada pelo homem, mas só acontece se há o aval da mulher”, afirma. O executivo completa dizendo que é a mulher quem observa a posição do sol, o barulho do entorno, a usabilidade dos cômodos, enquanto o homem vê o todo, a valorização do edifício e do bairro.
Para Santos, o instinto feminino para proteção é muito forte. “É algo natural, muitos estudiosos ligam essa observação, mesmo no mundo moderno, ao papel de cuidar dos filhos que a mulher tem desde sempre. O homem é mais pragmático, mas quando a mulher fala não compre aqui, pois não me senti bem, pode ser, aparentemente, o melhor negócio do mundo, mas dificilmente a compra será fechada”, revela.
O executivo ressalta que seguindo essa teoria, nenhum homem se sente confortável ao comprar um imóvel sem a opinião de uma mulher, seja esposa, mãe ou amiga. Por este motivo, o diretor salienta que a RealtON trabalha com a especificidade de cada empreendimento, realiza uma análise de perfil das unidades que já venderam, adequa discurso, preço e hábito de uso, levando em conta o perfil das pessoas que já adquiriram aquele empreendimento.
“O homem é mais pragmático, mas quando a mulher fala não compre aqui, pois não me senti bem, pode ser, aparentemente, o melhor negócio do mundo, mas dificilmente a compra será fechada”
Santos calcula que o mercado feminino hoje na RealtON não chega a 40%. “Isso porque levamos em conta o fechamento efetivo do negócio, que ainda é feito, na maioria das vezes, pelos homens. Mas sabemos e comprovamos que as mulheres dão ok final para a compra em mais de 90% das vezes”, ressalta.
Quanto às características das unidades também há alguns direcionamentos que o deixam mais atrativos para o público feminino de hoje. “O apartamento está muito mais funcional, levando em conta que não se precisa mais de um quarto gigantesco, se o tempo de utilização é mínimo. Já a parte social está mais ampla e com divisão que favorece a convivência”, descreve.