17 de agosto de 2015
Por Fabio Elizeu
Recentemente, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic (taxa básica de juros) para 14,25% ao ano. Foi a sétima vez consecutiva que o Copom a redefiniu e a decisão foi unânime.
Mas qual o impacto da alta da Selic nos financiamentos imobiliários?
Para Marcelo Prata, presidente do Canal do Crédito, site especializado na comparação de operações de crédito, o impacto não é sentido diretamente no bolso de quem tomou um financiamento imobiliário. “Isso ocorre porque estas operações, na sua grande maioria, são corrigidas pela Taxa Referencial (TR), que não é influenciada de maneira direta pela taxa Selic”, explica.
De acordo com Prata, a TR é calculada a partir da Taxa Básica Financeira (TBF), uma média das aplicações em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), emitidos pelas 30 maiores instituições financeiras do País. Deste modo, como a Selic é utilizada como referência para a remuneração de investimentos e operações de crédito, sua elevação pode ocasionar o aumento do custo dos CDBs, o que tende a elevar a TBF e provocar ligeiro aumento da TR.
Contudo, no ambiente econômico atual, com aumento do desemprego e dos juros, queda na renda dos trabalhadores, inflação elevada e redução do crédito disponível – apontados como os principais fatores para a contenção de despesas das famílias brasileiras – o sonho da casa própria pode ficar mais distante? O executivo acredita que não. “Em cenários como o que estamos vivendo, a situação fica favorável para quem tem potencial de compra, seja à vista, seja com financiamento imobiliário. Ao contrário do que se fala, não tenho visto crédito mais restritivo. Os bancos seguem analisando os financiamentos com a mesmo cuidado que já faziam quando o mercado estava em plena expansão. Não podemos perder de vista, no entanto, que se a compra for realizada com financiamento, é preciso lembrar que se trata de um compromisso de longo prazo. O risco de desemprego e do aumento do custo de vida deve pesar na balança e, talvez, fazer uma poupança maior para dar como entrada seja uma forma de deixar as prestações mais leves no orçamento para o caso de algum imprevisto”, avalia.
Em cenários como o que estamos vivendo, a situação fica favorável para quem tem potencial de compra, seja à vista, seja com financiamento imobiliário
O aumento da taxa básica (Selic) tem sido a ferramenta utilizada pelo Comitê de Política Econômica do Banco Central (Copom) para conter a inflação. “No financiamento imobiliário os bancos já promoveram ajustes em suas taxas no segundo trimestre desse ano e não acredito que novos aumentos nas taxas de juros aconteçam no curto prazo. Mesmo com juros ligeiramente mais altos do que os que vimos nos últimos anos, o alto poder de barganha na compra do imóvel torna o momento favorável do ponto de vista do preço. Até porque, quando o cenário econômico se estabilizar e as taxas de juros diminuírem, há ainda a possibilidade de se fazer a portabilidade do financiamento para bancos que ofereçam condições melhores”, diz Prata.