23 de junho de 2015
Por Fabio Penteado
A palavra sustentabilidade na maioria das ocasiões é atribuída a iniciativas aplicadas ao segmento industrial e em processos produtivos. No setor da construção civil as ações mais comuns são realizadas nos canteiros, como o reuso de água e diminuição da geração de entulho. Mas, há algum tempo imóveis prontos, unidades aptas a serem ocupadas, são concebidas a fim de utilizar o conceito da sustentabilidade. Iluminação natural e acabamentos ecologicamente corretos fazem cada vez mais parte da concepção de um imóvel no Brasil.
De acordo com a organização não governamental Green Building Council (GBC), entidade que certifica os empreendimentos para construções sustentáveis LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), o Brasil ocupa a terceira posição dos países com maior número de empreendimentos certificados, perdendo apenas para os EUA e a China. A posição foi alcançada este ano quando o País atingiu a marca de 248 prédios certificados e mais de 988 em processo de certificação.
A avaliação da Certificação LEED é realizada por meio de pré- requisitos e créditos a serem atendidas nas categorias Sustentabilidade do Espaço, Racionalização do Uso da Água, Eficiência Energética, Qualidade Ambiental Interna, Materiais e Recursos, Inovação e Processos de Projeto e Créditos Regionais.
Os pré-requisitos são condições mínimos a serem atendidas pelo projeto para que ele tenha direito a acumulação de pontos para certificação. Caso não sejam atendidos, o projeto não poderá ser certificado.
Os Créditos (recomendações) valem pontos que variam de acordo com a categoria a ser atendida, a partir de um número mínimo de pontos a construção poderá ser certificada, podendo ser: Certificada, Prata, Ouro ou Platina.
As edificações certificadas podem diminuir o consumo de energia em 30% e o de água em 40%, além de reduzir em 65% a geração de resíduos e 35% as emissões de gases de efeito estufa. Hoje, as edificações são responsáveis por 50% do consumo de energia elétrica do brasil, cerca de 258 TWh/ano (Terawatt-hora).
O engenheiro Antonio Abdul Nour, da MSB Sanchez, um dos responsáveis pelas obras do edifício Campo Belo Tower região de prédios comerciais em São Paulo e que terá o selo LEED, avalia que os custos para a construção de um imóvel certificado são, em média 5% mais altos que o de um não certificado. As principais variantes que ampliam os gastos são consultoria e equipamentos com características específicas para atender os requisitos para obter a certificação, caso de bombas e lâmpadas com maior eficiência energética, em geral mais caras. Outro custo está relacionado ao controle da destinação de resíduos originados durante a construção, conforme as especificações do GBC.
Ele avalia que esses custos extras poderão ser compensados por dois fatores principais. Primeiramente por uma maior demanda e facilidade de aluguel das unidades, que se refletem no preço. “Diversos locatários potenciais são filiais de multinacionais que possuem como premissa de suas matrizes no exterior a opção por se estabelecer em edifícios com certificação sustentável”, explica. Outro benefício econômico da adequação às normas de sustentabilidade é uma redução dos custos com água e energia, por exemplo, na medida em que é premissa da certificação a economia de recursos naturais. As simulações da MSB Sanchez indicam um consumo de energia 11% menor do que se o edifício não fosse certificado. Já o consumo de água será 20% menor. Vantagens que, no longo prazo, podem compensar os custos iniciais mais elevados.
Certificações LEED disponíveis pelo GBC Brasil
LEED NC – Novas construções e grandes projetos de renovação
LEED ND – Desenvolvimento de bairro (localidades)
LEED CS – Projetos da envoltória e parte central do edifício
LEED Retail NC e CI – Lojas de varejo
LEED Healthcare – Unidades de saúde
LEED EB_OM – Operação de manutenção de edifícios existentes
LEED Schools – Escolas
LEED CI – Projetos de interiores e edifícios comerciais
LEED ND for Neighborhood Development (LEED para Desenvolvimento de Bairros)