Jogo de compra e venda de propriedades tem especial com imóveis de 1935

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Conheça as curiosidades do Monopoly, jogo de compra e venda de propriedades que há 80 anos vem conquistando novos adeptos e faz parte da memória afetiva de muita gente

Por Danilo Vivan

Consagrado no mundo inteiro, o jogo Monopoly faz parte da memória afetiva de muita gente que já se divertiu brincando de comprar, vender e alugar imóveis em regiões como a Avenida Paulista, a Avenida Faria Lima (ambas em São Paulo) ou o Leblon (RJ) e, assim, ficar rico – claro, de mentirinha.

O brinquedo possui quase 100 anos, tendo sido lançado primeiramente em Atlantic City, Estados Unidos, e é comercializado em 114 países. Possui, inclusive, um campeonato internacional, que, em 2015 foi realizado em Macau (região autônoma da China) e vencido por um italiano. O prêmio foi de US$ 21 mil – em dinheiro de verdade.

No Brasil, a versão mais clássica possui um total de 22 propriedades, divididas entre Rio (Copacabana, Leblon e Ipanema, por exemplo) e São Paulo (Avenida Paulista, Avenida São João e Rua 25 de março). Além delas, é possível comercializar quatro estações de metrô – República, Consolação, Carioca e Maracanã.

Mas esse mercado imobiliário de brincadeira também muda, ao sabor da evolução do mercado de verdade. A valorização de uma avenida ou de uma determinada área pode promovê-la a estrela em ascensão dos tabuleiros. Foi o que aconteceu com a avenida Luís Carlos Berrini, na zona Sul de São Paulo, que na década de 1990 passou a ser cobiçada entre as grandes multinacionais e hoje abriga a sede de gigantes como Nestlè e Microsoft. Assim, após a avaliação da equipe especializada da Hasbro (uma das empresas que comercializam games sobre compra e venda de imóveis no Brasil), a Berrini foi incluída no Monopoly em 2008. Na mesma atualização, a Avenida Nove de Julho, outrora centro comercial da capital Paulista, foi banida do mapa do jogo, literalmente.

“As propriedades sofrem alterações, pois trata-se de um jogo de 80 anos de história. Imóveis em regiões antes importantes economicamente e que já não tinham a mesma importância são substituídas”, explica o gerente de games da Hasbro, Erick Campos.

Erick Campos_monopoly

gerente de games da Hasbro, Erick Campos

Seguindo esse conceito de que, se a cidade muda, o jogo muda, a Hasbro lançou uma edição de 80 anos do Monopoly, com pontos que eram valorizados em São Paulo e no Rio de Janeiro na época em que o brinquedo foi criado, em 1935. Depois de muita pesquisa histórica, chegou-se a um jogo que, em vez das hoje engravatadas avenidas Faria Lima e Juscelino Kubitschek, tem como pontos o Largo de São Francisco e a rua Santa Ifigênia, sonhos de consumo de qualquer corretor de imóveis paulistano nos anos 1930.

Pelas regras atuais, o imóvel mais barato fica na avenida Sumaré, zona Oeste de São Paulo e custa 60 monopolys (a moeda corrente no mundo do Monopoly). Já a mais cara fica na sofisticada rua Oscar Freire, que abriga lojas das principais grifes de moda internacionais. O preço de um terreno por lá é de encher os olhos de qualquer dono de imobiliária: 400 monopolys.

Mais que diversão, o jogo ajuda crianças a desenvolverem diversas habilidades ligadas, por exemplo à socialização (diversão em grupo) e à imaginação. “Quando foi criado, o intuito era ensinar conceitos financeiros básicos para as crianças, ajudar a praticar matemática e de certa forma inseri-las na educação financeira. Mas os jogos de tabuleiros estão ainda acima disso, pois é um momento de criar memórias, despertar imaginação e ainda ensina as crianças a lidarem com as derrotas e também com as vitórias” avalia Campos.

Já entre os adultos, ficam claros diante do tabuleiro os diversos perfis de investidores em imóveis. Os mais agressivos buscam comprar o máximo de propriedades e construir rapidamente para garantir retorno o quanto antes, sem grande preocupação com os recursos que estão sendo usados. Já os moderados costumam pensar, primeiro, em acumular caixa para pagar os eventuais pedágios para, só depois edificar casas e hotéis.

E, falando em habilidade, qual seria a melhor estratégia para vencer uma partida de Monopoly e não ir à bancarrota? Campos, ele mesmo um fã do game, dá a dica: “Entre os jogadores que participam de torneios internacionais, a principal estratégia costuma ser a de comprar rapidamente os imóveis laranjas (que na versão brasileira correspondem às avenidas Juscelino Kubitschek, Faria Lima e Luís Carlos Berrini) e construir o máximo possível nesses espaços. Essas áreas são muito rentáveis e a probabilidade de o adversário cair nessas casas é grande”. Outra dica é adquirir as companhias de transporte, que possuem um fator multiplicador.

Entre a valorização de uma avenida, o surgimento de um novo point e o esquecimento de um bairro antes valorizado, o interesse por comprar e vender imóveis, mesmo sendo de mentirinha, segue conquistando novos jogadores-investidores.

Curiosidades

Charles Darrow desenvolveu o jogo Monopoly em 1935. O jogo Monopoly é, originalmente baseado em Atlantic City (Estado de Nova Jersey).

Em caso de falta de dinheiro durante o jogo, o banco nunca fica sem dinheiro. O banqueiro está autorizado a gravar notas temporariamente.

Em 2014, o jogo Meu Monopoly permitia aos jogadores personalizar seu próprio jogo em casa com suas próprias fotos.

Em São Paulo, a última propriedade a ser incluída foi a avenida Luis Carlos Berrini, que cresceu na década de 1990 e hoje abriga a sede de diversas multinacionais. A atualização foi feita em 2008.

Na versão Monopoly 1935, as casas laranjas (mais valorizadas) correspondem ao Largo de São Francisco, Santa Ifigência e Vale do Anhangabaú, regiões centrais de São Paulo que eram bastante valorizadas nos anos 1930. Hoje, essas casas correspondem às avenidas Faria Lima, Luís Carlos Berrini e Juscelino Kubitchek, região onde ficam as sedes de grandes multinacionais e bancos de investimento.

Diferentemente do Brasil, a versão americana do Monopoly não inclui ruas com correspondentes ‘reais’, como no Brasil. Em vez delas, as regiões são genéricas, como Virginia Avenue e New York Avenue. Essa adaptação explica parte do sucesso por aqui.

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