Mercado imobiliário e obras de infraestrutura devem registrar queda em 2016

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Para presidente do sindicato da Construção, setor deve ser pouco beneficiado por obras decorrentes das eleições de 2016. Na área de imóveis, poucos empreendimentos devem ser lançados

Por Danilo Vivan

O PIB da Construção Civil deverá registrar, em 2015, uma retração de até 8%. A avaliação é do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), José Romeu Ferraz Neto. Mercado imobiliário, obras de infraestrutura e serviços especializados, os três subsegmentos que formam a construção devem ser igualmente afetados pelo mau momento, segundo o executivo. E, para 2016, as perspectivas não são muito melhores. “É provável que o PIB da construção volte a cair este ano, embora num percentual menor do que em 2015”. Segundo Ferraz Neto, é preciso lançar, agora, as bases para uma recuperação em 2017.

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Presidente do Sinduscon-SP, José Romeu Ferraz Neto

Sonho do Primeiro Imóvel (SPI) – As últimas previsões do SindusCon-SP mostravam uma queda de 7% no PIB do setor em 2015. Essas previsões estão mantidas? Qual a previsão para 2016?

José Romeu Ferraz Neto  – Em função da persistência da crise econômica, estas previsões estão mantidas, com a possibilidade de os números se mostrarem ainda piores. Já estamos trabalhando com a probabilidade de uma queda entre 7% e 8% do PIB da construção em 2015, diante da perspectiva de que o setor deverá fechar ao longo de todo o ano mais de 550 mil empregos diretos. Ainda não dispomos de números para 2016. Entretanto, em função dos poucos contratos fechados nos últimos meses, que resultarão em número escasso de novas obras, é provável que o PIB da construção volte a cair no em 2016, embora num percentual menor do que em 2015.

“Não se devem esperar obras de infraestrutura de grande vulto para 2016”

 SPI – Considerando os subsetores, quais as perspectivas para obras de infraestrutura, construção de edifícios e serviços especializados?

Neto – As obras de infraestrutura e habitação que dependem de verbas do orçamento Federal, como as do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Programa Minha Casa, Minha Vida, já contratadas e iniciadas, deverão prosseguir. Mas poucas novas obras serão iniciadas, em função dos cortes nos investimentos do Governo. Quanto às obras de infraestrutura de estados e municípios, pode ser que haja alguma atividade mais intensa, em função do ano eleitoral. Entretanto, diante da queda generalizada da arrecadação, não se devem esperar obras de infraestrutura de grande vulto. Na área imobiliária, o quadro será semelhante: obras já iniciadas deverão ser concluídas, mas poucos empreendimentos novos deverão surgir, em função do reduzido número de lançamentos neste ano. Consequentemente, o mesmo acontecerá na área dos serviços especializados.

SPI – A construção civil é um setor que depende fortemente da formação de capital; assim, os investimentos feitos agora na compra de máquinas e equipamentos garantirão o atendimento da demanda mais adiante. Qual deverá ser a variação da formação de capital em 2015 e como isso afeta a produção no futuro?

Neto – A venda de máquinas e equipamentos para a construção em 2015 deverá registrar uma queda de 57% em comparação a 2014, de acordo com estimativa da Sobratema. Em relação ao restante da indústria, o quadro segue recessivo, o que aponta para uma queda da formação bruta de capital fixo neste ano. No nosso setor, o declínio da formação de capital afeta especialmente a construção imobiliária, a industrial e a comercial. Uma vez que não há clareza sobre os rumos da crise econômica e política, nos próximos meses dificilmente teremos novos investimentos que impulsionem a produção no futuro.

“A legislação não impede a participação de investidores estrangeiros nas Parcerias Público Privadas (PPPS). Mas eles só virão se os projetos oferecerem atratividade real e segurança jurídica”

 SPI – Há algum segmento da construção civil que vem apresentando resultados favoráveis, mesmo diante do mau momento da economia brasileira?

Neto – Infelizmente, não. Nossa pesquisa mensal de emprego, realizada pelo SindusCon-SP e pela FGV com base nos dados do Ministério do Trabalho, indica que todos os segmentos, desde a preparação do terreno até as obras de acabamento, estão sofrendo redução gradual e constante em seu nível de atividade.

 SPI – Na opinião do SindusCon-SP, quais seriam as medidas necessárias para uma retomada do crescimento da construção civil nos segmentos de infraestrutura e construção de edifícios? Mudanças na legislação e atração de investidores estrangeiros para obras de infraestrutura, por exemplo?

Neto – Para ativar o setor, especialmente na área de parcerias público-privadas e concessões de obras e serviços de infraestrutura, estamos trabalhando na elaboração de uma proposta para viabilizar novos projetos passíveis de financiamento por recursos privados nacionais e estrangeiros, sem depender de recursos de governo. A legislação não impede a participação de investidores estrangeiros. Mas estes somente virão se, além da superação da atual crise econômica e política, os projetos oferecerem atratividade real e segurança jurídica. Isso requer um trabalho forte para a formatação de projetos executivos que tramitem com agilidade pelos órgãos licenciadores e tenham financiamentos garantidos, por exemplo, pelos resultados futuros dos serviços concessionados. Da mesma forma, a retomada do crescimento no segmento imobiliário também depende da superação da crise, acompanhada pela redução da inflação e dos juros e da retomada da renda e do emprego. Vamos torcer para que as bases deste cenário sejam lançadas em 2016, visando à obtenção de resultados positivos a partir de 2017.

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