27 de agosto de 2016
Por Danilo Vivan
Até o início de 2015, ser corretor imobiliário não era, digamos, um trabalho difícil. Com o boom do mercado, o crédito farto e as famílias ávidas para adquirir uma casa ou apartamento, bastava apresentar de maneira não muito aprofundada os empreendimentos e, pouco tempo depois o negócio estava fechado, com a comissão garantida. Como consequência, o número de registros no Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci-SP) – obrigatório para aqueles que querem atuar como corretores – não parava de crescer. “Foi o tempo dos corretores que atuavam como ‘tiradores de pedidos’”, compara o presidente da entidade, José Augusto Viana Neto.
Hoje a realidade mudou. Com o crédito em baixa e o número de lançamentos menor, fechar negócio se tornou algo mais complexo. E, claro, a profissão deixou de ser tão atraente. O total de registros no Creci-SP diminuiu 18% na comparação de janeiro a julho de 2016 com o mesmo período de 2015. “Antes, vínhamos registrando aumentos ano após ano”, explica Viana.
Para aqueles que continuam no setor, o momento é de especialização. O corretor tem de conhecer aspectos como características do imóvel que pretende negociar, da região em que esse imóvel se localiza, questões burocráticas relativas ao financiamento e até mesmo arquitetura do empreendimento.
“A atividade exige, hoje, muita paciência e trabalho. Como a crise diminuiu a renda das famílias e aumentou o risco de desemprego, cada compra é precedida de muita avaliação por parte dos compradores. Por isso, o corretor precisa atuar com maestria, exercendo, de fato, o papel de assessor, mostrando as características da operação, seus riscos e deixando claro todos os valores e prazos envolvidos”, explica Viana. “Afinal, no atual momento de vendas reduzidas, é importante ter boa reputação, de modo a conquistar novos negócios via indicações.”
Para quem se mantém no mercado, mesmo diante da atual situação econômica do País, uma boa notícia: quando o setor iniciar a retomada que começa a se vislumbrar, os corretores que não abandonaram a profissão devem sair fortalecidos. Afinal, as crises muitas vezes têm justamente a função de separar os mais aptos dos marinheiros de primeira viagem.
Perfil
Segundo o Creci-SP, o Estado possui 174 mil corretores registrados, dos quais 112 mil ativos – que, efetivamente, atuam no setor. Cerca de dois terços desse total (67%) são homens e a grande maioria (70%) possui formação superior, das mais diversas origens – são engenheiros, arquitetos, advogados, médicos e até ex-pilotos de avião e padres.